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Tatuapé, o caminho do tatu

Desci do Tatu metálico bem na hora em que o sol se punha atrás dos grandes prédios que substituíram as montanhas dos tempos dos meus antepassados. Fiquei imaginando, nos tempos idos, as crianças e os jovens banhando-se nas águas limpidass do anhagabau fechei os olhos para Recordar dos tempos de menino quando descia correndo a ladeira da Aldeia apenas para mim jogar nas águas do velho Tapajós, Rio que ven de muito longe e traz consigo notícias de muitas outras gentes. lembrei-me de que a comum entre os indígenas colocar nomes nos lugares a partir de um episódio ocorrido.

Imaginei de novo tempos dos ancestrais e quis procurar um acontecimento que me desse uma explicação para Um nome tão estranho, esquisito até. Anhangabaú era o nome dos nossos antigos pais que deram a um rio onde teve a visão do espírito do mal a h baú é o Rio das sombras são minha imaginação ficou inquieta diante dessa informação que tipo de assombração teria sido esta teriam visto a Iara teriam se assustado com a presença enquietante do Curupira? queria um tampado com a incrível preguiça-gigante que povoam a imaginação de muitos estudiosos? seriam apenas se deparado com a chegada de portugueses barbudos trajando roupas estranhas calçando botas que feriam a Mãe Terra? O que teria de fato assustado aquela aquela agente crianças e jovens homens e mulheres que iam a Rio apenas para apenas para banhar-se comprar as novidades dos dias, planejar os dias seguintes? Pensando nisso fui para o Alto de uma Ponte e quase não vi gente. Vi carros se movimentando por onde passavam, apenas igaras levando e trazendo pessoas, ligando as aldeias que ficavam à margem do Tietê e do Tamanduateí. Ali. Com o pensamento pensamento do passado, Fiquei imaginando o espanto que originou o nome tão forte tão mágico. se os portugueses eram assombração que povoou o Imaginário dos Tupiniquim dos primeiros tempos, é possível que esses nossos antepassados já conhecessem o poder do fogo que aqueles alienígenas tinham em suas mãos e isso os de tal maneira que não fizeram oposição aos avanços deles.

Debruçado no parapeito da Fonte de Ferro, acompanhei o desfecho do pôr do sol, do Astro que já sumia por detrás dos prédios deixando atrás de si as sombras que formavam estranhas e assustadoras figuras.
Homens e mulheres desmanchavam suas barracas anunciando que mais um dia de trabalho estava chegando ao final. Seus movimentos bruscos projetavam suas sombras em direção aos prédios, criando uma sinfonia de luz e sombra que lembrava fantasma soltos no ar. “São Fantasmas dos nossos antepassados” Pensei e voltei o meu olhar para os carros que entravam e saiam do túnel como Canoas modernas a transportar gente de um lado para o outro. “é tudo muito assustador visto daqui. Eita lugar pesado!” e voltei para o Tatu metálico…

Daniel Munduruku “Crônicas de São Paulo: um olhar indígena”, 2010.