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Arquivos em Disputa

[Laboratório e debates-itinerantes em parceria com Sesc Belenzinho – Outubro/Novembro, 2019]

Como parte da programação paralela da exposição Meta-Arquivo: 1964 – 1985, fomos convidados pelo Sesc Belenzinho a realizar debates-itinerantes que discutissem os lugares de memória da ditadura na cidade. Posto o tema da exposição, realizamos um pequeno ciclo de debates na unidade para discutir o que são os arquivos e suas implicações políticas, incluindo uma visita ao Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF-Unifesp), e uma série de debates-itinerantes centrados na cidade como arquivo.

A programação completa foi:

Laboratório Desarquivo I

Indícios que uma vez já foram esquecidos e apagados, hoje constituem arquivos. Para conhecer um exemplo de como lidar com essas memórias, o grupo visita o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (UNIFESP) que atualmente trabalha com as ossadas da vala clandestina de Perus. A atividade busca entender o que é antropologia forense, como funciona o CAAF, o que aconteceu em Perus e quem são as vítimas da ditadura.

Laboratório Desarquivo II

Os arquivos não são imparciais. Para investigar as relações de poder que estão em jogo, o segundo laboratório tem início com as indagações: quem arquiva os arquivos? Que relações de poder legitimam os arquivos? Como fazer um arquivo popular? Releitura é revisionismo?

Laboratório Desarquivo III

A cidade pode ser um arquivo e o território também é documento. Para discutir a relação entre memória, território e história, as análises nesses laboratórios terminam investigando a cidade sob os aspectos: do que são feitas as cidades? Onde estão as memórias? O que São Paulo guarda? Como isso acaba?

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Debate-itinerante I –  Lutar na cidade

Nesse debate, delimitamos o recorte do percurso a partir da Ditadura civil-militar de 1964, tema central da exposição Meta-Arquivo, e suas histórias de resistência urbana. Apesar da inegável importância das guerrilhas no campo, a cidade também foi palco de batalhas contra o regime, em uma sociedade que se urbanizava de forma acelerada nas décadas de 60 e 70.
Rememorar e estar nos lugares que, de alguma forma, sediaram manifestações espontâneas ou organizadas contra o poder nos deu subsídio e motivação para pensarmos sobre as diferentes táticas urbanas que cada grupo empregou em sua luta.

Debate-itinerante II – Como falar de um patrimônio que não existe?

Patrimônio, do latim patrimonĭum,ĭi: ‘patrimônio, bens de família, herança’.
Descer o morro que liga o bairro da Liberdade ao Glicério é transitar por muitas camadas econômicas, sociais, geográficas, culturais, étnicas.
Lá em cima, o patrimônio oficial, o bairro turístico que serve como espetáculo. Embaixo a diversidade espontânea, os cortiços e os patrimônios não-patrimonializados. O impacto desse contraste, que só pode ser devidamente captado in loco, delineou as tendências do debate.

Debate-itinerante III – Como observar no tecido urbano memórias que não foram arquivadas?

Aproveitando a participação na exposição, partimos do SESC Belenzinho para dentro do bairro do Belém. Tão cheio de histórias quanto qualquer outro bairro de São Paulo, encontramos evidências arquitetônicas e, portanto, arquivísticas, de vários períodos de sua existência: da área de rancho onde abonados tinham seu lazer, passando pela cultura operária no contexto da industrialização, até os dias atuais em que dividem parede apartamentos de classe média e armazéns em pleno funcionamento.

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